Punch-Drunk Love / Paul Thomas Anderson / 2002Com: Adam Sandler (Barry Egan), Emily Watson (Lena Leonard), Philip Seymour Hoffman (Dean Trumbell), Luis Guzmán (Lance), Mary Lynn Rajskub (Elizabeth), Lisa Spector (Susan).Na trama, conhecemos Gary (Sandler), um rapaz tímido e problemático. Seu dia-a-dia monótono é quebrado por uma situação bizarra logo de saída: depois de testemunhar um acidente de carro, um pequeno piano é largado na sua porta e ele conhece a mulher por quem irá se apaixonar. A partir desse aparente nonsense, sua vida dará uma volta de 360 graus em busca de seu grande amor.
Se quiser sair da rotina e apreciar uma comédia romântica diferente da maioria dos exemplares desse gênero, essa é a pedida. PT Anderson conta uma estória de um homem que parece estar preso em seu próprio mundo através do qual pode reprimir seus medos e suas angústias. Mas ao conhecer Lena (Emily Watson) ele tenta aos poucos, e com muita dificuldade, se comunicar com o mundo exterior. O que poucos além dela parecem entender.
No primeiro momento pode (e deve) parecer muito estranho o diretor dos magníficos Boogie Nights e Magnólia contar como seu personagem principal um dos reis do besteirol americano na atualidade. O retrospecto para situações semelhantes era ótimo para PTA. Mas ter conseguido boas atuações de Mark Whalberg e Tom Cruise ainda não seria uma certeza de que Adam Sandler era certo para o papel do depressivo Barry Egan. E não é que ficou perfeito? Tão perfeito que acho difícil outro ator cair tão bem como ele que encarna seu papel com talento e dramaticidade.
A primeira metade do filme não é das mais fáceis de se ver. Uma trilha sonora quase sempre estranha e acontecimentos mais estranhos ainda (como o surgimento de um piano) vão delineando a personalidade de Barry que tenta se socializar como os outros o querem, mas que quase nunca tentam entender e aceita-lo como ele é. Os traumas, decepções, surtos de fúria que temos estão representados aqui como o cotidiano de uma pessoa. E pra mim um dos méritos de Anderson no filme é fazer desse cotidiano comum a muitas pessoas um filme maravilhosamente alegre na sua parte final.
Usando uma metáfora da vida com seus relacionamentos frustrados, mas sempre em busca da harmonia, não perfeita, mas apenas a suficiente para se viver bem, “Embriagado de Amor” mostra que um filme pode falar de amor sem ser meloso ou parecer datado. O resultado depois da sessão de cinema é um ar de gratificação que parece interminável.